A sinalização no cerne da aceleração da transferência modal para o ferroviário
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A transição energética no setor de transportes, grande emissor de gases de efeito estufa, requer o desenvolvimento do transporte ferroviário. Para acelerar, o setor precisa de equipamentos que sejam econômicos, resistentes e ágeis. Confira a estratégia de sinalização da Mobility.
O setor de transportes é responsável por mais de um quarto das emissões de gases de efeito estufa da União Europeia, segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente.
Mas a participação dos diferentes modos de transporte nas emissões do setor é muito variável. Na França, por exemplo, segundo a ADEME, “por pessoa e por quilômetro, o trem polui oito vezes menos que o carro”. O desenvolvimento do ferroviário, seja para o transporte de passageiros ou de carga, é, portanto, fundamental para a aceleração ecológica, sendo alvo de programas prioritários dentro da UE.
A pegada de carbono reduzida dos trens na França deve-se principalmente à eficiência energética deste modo de transporte, mas, para serem construídas e utilizadas, as infraestruturas ferroviárias devem ser economicamente acessíveis e, para isso, precisam de equipamentos fixos eficientes e menos caros. Um desses equipamentos é a sinalização.
“A aceleração da transferência modal de pessoas e bens para o trem requer o desenvolvimento de sistemas de sinalização que sejam menos caros, mais duráveis, mais limpos e mais eficientes”, observa Stéphane Berthet, gerente Signalling na Mobility.
Esta empresa da VINCI Energies é especializada na concepção e implantação de sistemas de sinalização que atendem a uma tripla promessa de desempenho, segurança e frugalidade. Uma opção original em um mercado de sinalização ferroviária dominado por três gigantes da eletrônica, Thalès, Alstom e Hitachi, que implantaram suas soluções proprietárias em toda a rede.
Diante deste quase monopólio de fato, só resta a estes novos rivais apostar na inovação para conquistar seu lugar.
Abertura e grandes séries
A Mobility elaborou sua oferta com base em três princípios: abertura, modularidade e dimensionamento correto dos sistemas de sinalização. A empresa atua como integradora, projetando suas arquiteturas e softwares de forma totalmente aberta.
“Não possuímos nenhuma propriedade intelectual, 100% dos materiais utilizados estão disponíveis comercialmente, e em quantidade. Quando vendemos um projeto, fornecemos todos os seus elementos: códigos fonte, sistemas de validação, componentes. Portanto, nossos clientes têm toda a liberdade para desenvolver seus sistemas de acordo com suas necessidades”, explica Stéphane Berthet.
Os equipamentos utilizados são fabricados em séries muito grandes: várias dezenas de milhares por ano, por exemplo, para CLPs de segurança, enquanto a produção de soluções proprietárias é limitada a algumas centenas de unidades por ano. Todos os componentes podem ser modificados individualmente e são intercambiáveis com outros produtos no mercado, garantindo assim a durabilidade do sistema em caso de problema com um de seus componentes.
“Nosso modelo modular nos permite configurar nossas soluções para adaptá-las exatamente às necessidades de nossos clientes.”
Por último, a Mobility não procura vender soluções superdimensionadas. “Nosso modelo modular nos permite configurar nossas soluções para adaptá-las exatamente às necessidades de nossos clientes”, continua o gerente.
Líder em sinalização de VLTs
Este enfoque aberto permitiu à Mobility, a partir de 2015, conquistar seus primeiros clientes entre as operadoras de redes de VLTs. As autoridades organizadoras dos transportes nas cidades de Luxemburgo, Nice, Caen, Bordéus, Bruxelas ou a entidade Ile-de-France Mobilités adotaram estes sistemas automáticos.
“Somos o líder de mercado em sinalização de VLTs na França. Mas o maior potencial está com o trem. Hoje, estamos entrando no mercado com pequenas linhas regionais, pistas de serviço, centros técnicos e estações de triagem”, observa Stéphane Berthet. Os alvos da empresa são as autoridades organizadoras, os operadores de centros técnicos, os portos e locais industriais, os gerentes de infraestruturas, as redes privadas ou turísticas.
Em 2019, a Mobility conquistou o contrato para os pátios de manutenção e estacionamento VLT-Trem T12 e T13 da SNCF em Versalhes e Massy. Mais recentemente, a rede dos Caminhos de Ferro da Córsega (232 km) escolheu o sistema da Mobility. A empresa também projetou, forneceu, instalou e comissionou dez passagens de nível como parte da renovação do Petit Train de La Mure, uma linha turística da região Isère (38).
O TAV (Trem de Alta Velocidade) fica para mais tarde
E quanto à chamada rede “estrutural” (TAV + trens regionais)? Por enquanto, o operador francês histórico de transportes ferroviários utiliza apenas soluções proprietárias, desenvolvidas internamente ao longo dos anos. “Hoje, as normas técnicas da SNCF Réseau não nos permitem acessar a rede estrutural. Iniciamos um diálogo com a engenharia da SNCF Réseau para considerar a possibilidade de adaptações que nos permitiriam entrar no páreo, mas estas diligências levam necessariamente tempo”, explica Stéphane Berthet.
No entanto, o gerente da empresa está confiante: “A tendência vai evoluir no nosso sentido, com a Lei de Orientação da Mobilidade (LOM), a futura revitalização do frete, a necessidade para o operador de racionalizar seus gastos, a abertura da rede ferroviária à concorrência… Uma proporção significativa dos equipamentos instalados está ficando obsoleta e a SNCF sabe que nossos sistemas são muito mais baratos, pelo menos tão eficientes e seguros, e certamente mais resistentes e econômicos do que os equipamentos instalados.”
15/02/2023