Para combater incêndios florestais provocados por linhas elétricas, a Axians Portugal trabalhou com um operador de sistema de distribuição (DSO – Distribution System Operator) para desenvolver um sistema de altíssima precisão para detectar e eliminar curtos-circuitos.
Com cerca de 187.114 incêndios, foi atingido no domingo, 8 de agosto de 2021, o recorde absoluto de número de incêndios diários em todo o mundo. Esse triste recorde, registrado por um satélite da NASA e abrangendo todos os continentes, é o mais alto de todos os tempos em termos de emissões de dióxido de carbono provenientes de incêndios florestais. Esses incêndios emitem entre 5 e 30 toneladas de carbono por hectare, dependendo da intensidade e do combustível queimado*.
A luta contra esse flagelo está sendo travada em todos os níveis. Em Portugal, um país particularmente afetado por incêndios gigantes, um DSO decidiu adotar uma abordagem proativa e preventiva do problema, agindo em várias frentes, uma das quais envolve a detecção e a eliminação de curtos-circuitos causados pelo contato entre linhas elétricas aéreas de média tensão e galhos de árvores, sejam eles permanentes ou intermitentes (devido ao vento).
De acordo com estudos realizados na União Europeia, cerca de 1% de todos os incêndios florestais estão ligados a linhas elétricas aéreas.
Algumas espécies de árvores próximas a linhas elétricas podem crescer muito rapidamente. Logo, fica impossível, por longos períodos, garantir uma distância mínima segura entre os cabos condutores e a vegetação. De acordo com estudos realizados na União Europeia, cerca de 1% de todos os incêndios florestais estão ligados a linhas elétricas aéreas.
“Esse tipo de incidente provoca correntes de curto-circuito muito baixas, difíceis de serem detectadas pelos relés de proteção convencionais instalados nas subestações de distribuição”, explica Luís Pinto Pereira, Business Unit Manager da Axians Portugal, que foi solicitado por um DSO para encontrar uma solução para evitar esse problema.
“Tínhamos que encontrar uma maneira de coletar, com um alto grau de precisão, os dados das subestações de distribuição e, em seguida, realizar análises avançadas para transformar esses dados em informações úteis para a detecção precoce de possíveis incêndios florestais”, explica Luís Pinto Pereira.
Uma solução padrão e interoperável
A Axians procurou, portanto, um sistema que aumentasse a sensibilidade dos relés de proteção para a corrente residual para detectar esse tipo de problema e desconectar a linha no ponto em que ele ocorre.
“Foram implementados dois algoritmos projetados pelo DSO para lidar com dois tipos de fenômenos: os resultantes de contato permanente com galhos de árvores e os resultantes de contato intermitente”, explica o diretor da Axians Portugal. Essa solução permite coletar dados em tempo real por meio de transdutores de corrente de alta precisão, feitos sob medida para a aplicação.
Após a realização bem-sucedida de testes de prova de conceito (POC – Proof of Concept) em seis subestações em 2019, o DSO decidiu lançar a implantação da solução da Axians, conhecida como SDDR, no final de 2021. A marca TIC da VINCI Energies criou assim uma solução padrão e interoperável, independentemente do tipo de relé de proteção ou da tecnologia utilizada pela subestação.
“Graças a uma interface homem-máquina muito simples baseada na web, a configuração do sistema pode ser adaptada a cada tipo de subestação, ao número de linhas de média tensão, etc.”, explica Luís Pinto Pereira. “Um banco de dados central coleta informações de cada subestação para avaliar o desempenho do algoritmo e permitir melhorias futuras”, acrescenta. Dessa forma, a Axians Portugal está oferecendo aos clientes de serviços públicos um meio de prevenir incêndios florestais e, assim, reduzir as emissões de carbono.
*Future Directions International – Johns, Christopher. Strategic Analysis Paper, Wildfires, Greenhouse Gas Emissions and Climate Change. 24/09/2020
21/05/2024