Nenhuma emissão de CO2, baixo impacto em termos de artificialização dos solos, custo razoável… O teleférico interessa cada vez mais as áreas urbanas, onde ele pode ser um elemento relevante na renovação do mix de mobilidade.
É um dos meios de transporte mais limpos. Com sua energia motriz 100% elétrica, o teleférico não emite CO2 e gera muito pouca poluição sonora. Tradicionalmente instalado em estâncias de esportes de inverno, ele tem tudo para se tornar a nova referência para a mobilidade urbana.
Saint-Denis de La Réunion inaugurou seu primeiro teleférico no final de 2022. Um projeto realizado com o apoio de duas empresas VINCI Energies.
Em todo o mundo, estima-se que existam hoje 80 redes em funcionamento. A maior delas está na Bolívia, em La Paz, onde cinco linhas transportam 160.000 passageiros por dia entre o centro da cidade (a uma altitude de 3.500 m) e suas cidades periféricas.
Embora a América Latina seja sem dúvida o continente que adotou o teleférico, foi na Argélia que os primeiros projetos foram lançados, em 1956. Mas hoje, a França surge como uma das principais plataformas de lançamento dos novos teleféricos urbanos.
A cidade de Brest foi a primeira a optar por um sistema de transporte coletivo aéreo. Em 2016, o município bretão instalou um teleférico que cruza o rio Penfeld e liga os bairros de Siam e Capucins, até então isolados do resto da cidade. No sul do país, a metrópole de Toulouse planeja abrir sua primeira linha no segundo trimestre de 2022, ao cabo de um processo complicado.
Na Ilha da Reunião, uma primeira linha 100 % urbana
O projeto na região de Toulouse sofreu sucessivos atrasos, o que permitiu à Ilha da Reunião passar à frente e assumir a liderança. No final de dezembro de 2021, a cidade de Saint-Denis, capital do departamento ultramarino, inaugurou seu primeiro teleférico. Um projeto realizado pela Comunidade intermunicipal do norte da Reunião (CINOR), apoiada pela empresa POMA, com sede em Isère, líder mundial em transporte por cabo, e pela Sogea (VINCI Construction), ela própria assistida pela Cegelec Ascenseurs (VINCI Energies) para a parte de elevador do projeto, Actemium (VINCI Energies) para o fornecimento de energia de alta tensão e Atexia Systemes (VINCI Energies) para o fornecimento de energia de baixa tensão.
Para a cidade de Saint-Denis, este projeto tem um escopo sem precedentes. Esticado sobre uma distância total de 2,7 km, o cabo que suporta as 46 cabines da frota está suspenso em 26 postes, alguns com até 40 m de altura. As autoridades locais esperam 6.000 passageiros por dia, com uma cadência de uma cabine a cada 34 segundos entre as cinco estações da linha. O custo do projeto é de 45 milhões de euros, incluindo 15 milhões de euros em subsídios da União Europeia e do conselho regional.
Saint-Denis é a primeira cidade francesa a operar uma linha percorrendo uma área exclusivamente urbana. Este desafio foi possibilitado por uma portaria de 2016 flexibilizando uma lei de 1941, que proibia o sobrevoo de casas por pequenas cabines.
A liberação deste bloqueio legislativo veio, naturalmente, com um incremento dos requisitos de segurança. Um dos pré-requisitos é a proteção contra incêndios. “Câmeras termográficas detectam fontes de calor a até 300 metros de distância. Os postes também servem como relé para a interconexão por fibra ótica de todos os painéis de incêndio“, diz Stéphane Roy, diretor da Atexia Systemes.
Cerca de vinte projetos na França
Muitos municípios ficaram acompanhando o projeto na Reunião, cuja fase de estudos técnicos foi iniciada há quatro anos. Na França, cerca de vinte projetos de instalação já estariam em andamento, notadamente em Ajaccio, Bordéus, Lyon e Ile-de-France. As obras de construção do primeiro teleférico da região da capital, “Câble 1”, começarão em 2022, e estarão operacionais em 2025. A linha conectará Créteil e Villeneuve-Saint-Georges em apenas 17 minutos, em comparação com 45 minutos atualmente em transporte coletivo.
Várias razões explicam o entusiasmo por este meio de transporte. Diante da saturação dos espaços urbanos, os promotores voltam-se para a verticalização dos projetos urbanos. O teleférico está totalmente alinhado com esta tendência.
O teleférico não só é energeticamente sóbrio, ele também ocupa pouca superfície no solo e contribui apenas minimamente para a artificialização do solo. Para os territórios, ele gera muito menos perturbações do que os projetos de VLT ou metrô, cujas obras de construção são longas e pesadas.
Outra vantagem, o teleférico custa três a quatro vezes menos para instalar e operar do que um VLT. Sobretudo, é o único meio de transporte coletivo capaz de passar por cima de certas rupturas físicas urbanas (rios, vales, colinas, instalações industriais, rodovias, ferrovias, etc.).
Por último, embora seu potencial de desenvolvimento seja limitado, o teleférico é uma peça interessante na complementaridade dos modos de mobilidade urbana.
16/06/2022