As tecnologias digitais revolucionam o mundo do trabalho. Novas profissões, com um grande componente tecnológico, necessitam novas competências. Capacitar os trabalhadores e contratar novos perfis são os dois grandes desafios que as empresas enfrentam hoje.
Data scientist, engenheiro mecatrônico, desenvolvedor de aplicativos, designer de interface homem-máquina, especialista em gestão de carga, peritos em inteligência artificial e em cibersegurança… Esses são alguns dos talentos de hoje e do futuro, muito procurados no mercado de trabalho, que as empresas – sobretudo aquelas que, como a VINCI Energies, intervém nas infraestruturas, construção, soluções industriais, engenharia, manutenção – devem seduzir e fidelizar para permanecerem competitivas.
O relatório « Future of Jobs 2018 » do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), aborda essas problemáticas de forma detalhada e identifica cerca de vinte profissões emergentes, todas com forte componente tecnológico. No setor de infraestruturas, elas representam hoje apenas 16% dos empregos no mundo, mas em 2022 deverão chegar a 19%. Já a parte de operários, engenheiros ou mecânicos passará de 38 para 30%. No campo da energia e serviços à coletividade (utilities), a porcentagem de data scientists, especialistas em big data e outros peritos em transformação digital deverá dobrar nos próximos anos, passando de 16 a 32% em 2022. Em contrapartida, a proporção de mecânicos, operários de centrais elétricas, refinarias e usinas, ou ainda gestores de armazenamento vai diminuir de 34 para 24%.
Esses números mostram uma mudança de paradigma para as empresas, uma redefinição de competências e de profissões que necessitará um esforço constante em capacitação e uma política ativa de contratação. Os especialistas do WEF estimam que todos os trabalhadores franceses deverão ter 101 dias suplementares de formação até 2022.
« Upskilling »
Investir em “upskilling”, no aumento de competências, é primordial. Sobretudo no momento em que a indústria e a engenharia, no sentido amplo, enfrentam problemas de atratividade. Mas nessa guerra de talentos, as empresas que operam na gestão de infraestruturas, da construção e energia têm seus trunfos. As jovens gerações gostam de contribuir para o bem-estar geral. Ora, os grandes atores do setor constroem edifícios e equipamentos perenes, que respeitam cada vez mais o meio-ambiente graças às novas normas.
Os especialistas do Boston Consulting Group, que colaboraram para o relatório do Fórum Econômico Mundial « Shaping the future of construction, an action plan to solve the industry’s talents gap », encorajam as empresas a criar campanhas publicitárias para destacar esses valores positivos. “Nos setores de infraestruturas, construção, engenharia, suas ações são concretas: o prédio ou a ponte que você ajudou a construir é tangível, comenta Romain de Laubier, sócio-diretor do Boston Consulting group (BCG). É um trunfo num mundo cada vez mais virtual.”
A introdução das novas tecnologias nos processos também é uma maneira de seduzir os talentos. À condição de garantir a gestão da mudança, numa indústria cujos métodos de trabalho mudaram muito pouco em décadas.
O estudo « Les dirigeants face à l’industrie 4.0 », realizado pelo escritório Mazars em parceria com o Institut Opinion Way, mostra que a formação e desenvolvimento das competências é a segunda principal preocupação dos chefes de empresa, logo após a cibersegurança: 70% temem uma falta de competência interna para estar em fase com as tecnologias de ponta, e 68% receiam dificuldades em contratar colaboradores qualificados.
Novos métodos
“As profissões ditas tradicionais de produção ou de manutenção não desaparecerão. Mas serão profundamente modificadas pela IA, pelo big data, ou a robótica. Os decisores devem integrar esses novos métodos de trabalho”, explica Vincent Saule, especialista em acompanhamento à mudança no escritório Mazars.
“O que permite atrair os talentos é a qualidade do projeto. Os jovens querem que seu trabalho seja útil para a coletividade.”
A política salarial é importante, claro, mas não é o único critério de decisão. “O que o permite atrair talentos é a qualidade do projeto”, acrescenta Vincent Saule. Os jovens querem que seu trabalho tenha uma utilidade coletiva. Se a empresa conseguir se organizar para implicar os seus trabalhadores num projeto positivo, eles permanecerão. As empresas do setor da construção são os novos construtores de catedrais, e elas devem deixar isso claro.”
Juliette Decoux, sócia da consultoria Mazars, completa: “Os grupos também devem desenvolver projetos de RSE (responsabilidade social das empresas) nos quais as jovens gerações possam se identificar, no setor da transição energética, por exemplo.”
Dar um sentido ao trabalho, formar colaboradores às novas tecnologias, contratar os bons perfis para hoje e para o futuro: na redefinição das competências e transformação das profissões, o fator humano deve estar mais do que nunca numa posição central.
13/12/2018